Ed. L&PM Pocket
ISBN - 978-85-254-1022-1
208 Páginas
Mas você não conhece o autor e
nem a obra dele? Ah, não tem problema. A
resenha de hoje pode resolver este
problema. Que ela comece, então.
Allen Ginsberg foi um ícone da
Geração Beat e defensor dos direitos dos homossexuais. A Geração Beat foi um movimento dos anos 50 que antecederam os hippies. Ginsberg, juntamente com Jack Kerouac , Neil
Cassady e alguns outros escritores, foram considerados os “pais” da
contracultura norte-americana. Estes jovens escritores romperam com os paradigmas da sociedade americana e fizeram de suas viagens a própria vida, e de suas vidas, uma grande viagem.
Neste ano (2012) a Geralção Beat
esteve em alta. Ao menos no cinema. O livro “On The Road”, de Jack Kerouac, considerado o livro mais importante do
movimento ao lado de “Uivo e outros poemas”,
foi adaptado ao cinema. Se você nem se quer ouviu falar nisso, mas já despertou interesse pelos "beats", assista o
trailer clicando aqui.
Assim como “On The Road”, “Uivo e
outros poemas” foi um marco na história literária americana. Ele não é feito de
poemas convencionais, falando de vida, amor, amizades. Por isso já aviso: Se você foi um viciado em
Caio F. Abreu, e até mesmo Carlos Drummond de Andrade, com toda certeza do
mundo ficará surpreso, até mesmo assustado com o que ler neste livro.
Ele é recheado de realidade nua e
crua. Sexo, drogas, aventuras, homossexualismo e histeria. Essas cinco palavras podem resumir os poemas contidos
no livro, que foi escrito em 1955, publicado em 1956, e em 1957 foi censurado perlo
conteúdo sexual e explícito. Ou seja: o livro mal chegou e já causou problemas!
Tais problemas só ajudaram as
vendas de “Uivo e outros poemas”. Após
vencer os processos e poder ser vendido, o livro vendeu milhares de cópias,
fazendo com que seu autor se tornasse um líder, chamado às vezes de profeta por
aquela geração que não queria se calar.
A versão que eu tenho da obra foi
lançada em 2010 pela L&PM Pocket, que além dos poemas originais que vieram
no livro, vem também com mais dois livros: “Kaddish e outros poemas” e “De
Sanduíches de Realidade”.
“Kaddish” reúne poemas entre 1958
e 1960. O poema de abertura se chama “Kaddish para Naomi Ginsberg”. Naomi é a
mãe de Allen, e é retratada no poema como um doída-comunista-judia. O poema é extenso. Lido em voz alta, ele dura
aproximadamente uma hora. Sim, isso mesmo. Uma hora.
“De Sanduiches” reúne poemas
concretistas, às vezes abstratos demais.
Mas para quem gosta de experiências novas, vale a pena ler.
Na edição L&PM Pocket, antes de começar os poemas, há uma introdução de
poeta e tradutor brasileiro Cláudio Willer, que ajuda a “clarear” um pouco mais
a mente de quem for ler a obra. Em muitos momentos existem notas
para explicar o que o autor quer dizer, pois existe muita alusão a outros
livros dele próprio, e alguns momentos pessoais.
Um detalhe interessante é a forma como o poeta beat escreve. Existem
poucas pontuações em todo o texto. Segundo o próprio autor, são “fluxos de
consciência”, e devem ser lidos sem parar. É um desafio e tanto para quem não
está acostumado.
O primeiro poema, “Uivo”, é dedicado a Carl Solomon, um escritor
neodadaista que Allen conheceu quando esteve em um manicômio – sim, ele já
esteve em um – entre 1948 e 1948.
Em minha opinião, é o melhor
poema do livro. E, garanto: é impossível lê-lo só uma vez por sua qualidade, e
pelo seu rompimento com as maneiras tradicionais de escrita.
Em vários momentos, o poeta cita
suas próprias experiências de vida. Desde os tempos de faculdade, até as
viagens que fez juntamente com seus amigos. Existem poemas que fazem referência
ao judaísmo, ao budismo, à política
norte-americana. Ou seja, o livro é bem interessante para quem quer conhecer a
literatura beat.
Quem quer se aventurar pela
Geração Beat, ou até mesmo ler algo não tão comum, deve ler obrigatoriamente “Uivo
e outros poemas”.
Em 2010 foi lançado o filme "Howl", com o ator James Franco no papel de Allen Ginsberg. O filme conta a história de produção do livro, da primeira leitura no "Six Gallery" e do processo que a obra enfrentou. O trailer você confere aqui.
No geral, o que vale mesmo é o conteúdo do livro.
Até a próxima.
6 comentários:
Caramba!
Sem pontuação?
Apesar da polêmica, acho que não é um livro para o meu "timing"...
Livro new age demais pra mim. ^^
Não sou muito fã de poemas. Apesar de ficar um pouco curiosa tenho a impressão que não vou gostar desse livro.
Thais Vianna
@dathais
O livro parece ser muito bom. Acho contracultura um dos temas mais interessantes para se estudar na história =) E o livro já está na minha lista.
Beijinhos
@Jordanabroering
Não conhecia a Geração Beat. Foi bom ler esta resenha, está com muitas informações, apesar de poesia não ser o meu forte, atiçou a curiosidade, para ver o que está escrito.
soniacarmo
retalhosnomundo.blogspot.com.br
Muito boa resenha sobre o livro! A Geração Beat realmente mudou minha vida, como Bob Dylan disse sobre On The Road haha.
Parabéns pela publicação.
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